11.02.2006

Ventos de S. Roque # 23 - Activos Escassos


A última assembleia-geral demonstrou que os nossos activos são escassos.

O principal activo do Sport Clube Beira-mar é os sócios. Tanto nesta reunião magna como nos jogos, a sua participação tem sido diminuta. É preocupante. Parece-me que a situação se agrava cada vez mais, mesmo sabendo que na época anterior se poderia encontrar explicação.

Quanto ao relatório e contas relativos à época 2005/06 e tal como tem sido hábito nos últimos anos neste clube, trata-se de um documento elaborado com rigor e que espelha a realidade. Sinceramente apenas não compreendi a necessidade de considerar como proveito as cotas não pagas. Em pouco beneficiou os resultados e não revela em meu entender clareza. Para mim tratou-se de um pouco de “batom” sem significado. São opções.

Perante isto o meu voto foi de aprovação.

Quanto aos resultados, confesso que não foram positivos nem eram os expectáveis. São preocupantes, no entanto, dois pontos deverão ser relevados:
- a direcção está a ser avaliada por um terço do seu mandato
- o mandato não foi fértil em facilidades

Já no que concerne a gestão, não existindo um plano e orçamento para a época, pelo menos disponível, ninguém com bom senso consegue analisar o nível de desvios face ao previamente estipulado, tornando-se inviável a avaliação do desempenho de gestão.

Os orçamentos deveriam ser aprovados em assembleia-geral.

Como beiramarense que sou, continuarei a acompanhar o clube ajudando naquilo que puder e rejeitando todo o tipo de sectarismo. Somos um clube pequeno, precisamos de todos. Crítico quando entender, mas sempre pronto a ajudar a desenvolver o clube. Sei quanto é difícil gerir esta instituição, sei quanta responsabilidade se exige dos dirigentes, sei que o que mais magoa quem dirige é a falta de reconhecimento do seu trabalho. Senti isso e só pelo facto de se disponibilizarem para esta tarefa, reconheço-lhe coragem.

Sinceramente o que mais me preocupa é termos poucos sócios e os poucos que temos alhearem-se completamente da vida do clube.

Os nossos melhores ACTIVOS são muito baixos.

A Roque

11.01.2006

Sobre a Assembleia Geral de ontem....











Há sensivelmente um ano atrás, escrevia um artigo sobre a última AG do nosso clube, convocada para tratar, nessa altura, da discussão e aprovação das contas de 2004/2005.
Ficou, então, a promessa de convocar uma outra AG para breve para tratar de “outros assuntos” como era vontade de alguns sócios, uma vez que a referida AG tinha apenas aquele ponto único na ordem de trabalhos.

Volvidos quase 11 meses, nova AG, novamente para discussão e aprovação de contas, desta feita de 2005-2006.

Pouco mais de 3 dezenas de sócios assistiram a este acto (se não contarmos com os elementos da Direcção), o que vem sendo, infelizmente, uma prática desta colectividade que merecia bem mais apoio dos seus associados. Mas, terça-feira “europeia”, futebol na TV, “lar-doce-lar”, véspera de feriado, “o estádio é longe”, enfim, um sem número de razões para não ir, para quem não se interessa pela vida de clube, em actos onde poderia ter “palavra” e prefere abdicar desta ou antes criticar em surdina na bancada ou café…

Mérito - e o meu louvor - para os que foram (e costumam ir) e viram uma Assembleia Geral bem conduzida, sem grandes taquicardias.
Excepção feita, na minha opinião, a uma escusada questão – e pior ainda, o comentário posterior – do Sr. José Cachide, e de um desabafo do Sr. Artur Filipe, presidente do Clube, em tom de reacção a um conjunto de questões e/ou afirmações do Eng. Mano Nunes, sobre as contas e a gestão da actual direcção. Talvez a forma como este último confrontou a actual direcção com alguns dados – costuma estar bem informado, diga-se – esteja na origem dessas reacções, mas até então, não se tinha “personalizado” a sessão.
Bom, conhecendo uns e outros, e os seus modos de reagir (confesso que o Sr. Cachide não conheço tão bem, mas merece toda a minha consideração) sei que todos o fazem para bem do Beira-Mar, na sua defesa e interesse.
Já estive “lá dentro”, enquanto vice-presidente da anterior direcção, e pelo que lá passamos, tenho e terei sempre total respeito por quem sacrifique a sua vida pessoal e profissional em prol deste Clube, sempre e quando seja verdadeiramente nesse sentido. Mais quando se envolva pessoalmente, a nível financeiro, avalizando créditos em benefício do Clube. Todos deveriam ter essa experiência para assim poderem avaliar o difícil que é estar numa direcção, mas também, estar de fora, receoso do futuro do clube, porque como o Dr. Caetano Alves disse, nesta AG, cada direcção toma as decisões que bem entender, e temos de as respeitar, concordemos ou não com elas. Assim seja e só espero que o Beira-Mar saia vencedor no meio das dúvidas que nos assolam a todos, certamente.

Mas o direito de ter receio, de ter dúvidas, também é legitimo e não posso deixar de apresentar as minhas, neste espaço de discussão – aliás, foi criado para este efeito– na qualidade de sócio activo e, espero, sem ser mal interpretado por ter sido já … parte de uma direcção anterior.

Assim, tenho que manifestar que me assustam os valores negativos apresentados, até porque neste relatório (como é lógico) não vinham os resultados dos meses entre um época desportiva e outra, nem dos primeiros meses desta época 2006/2007, que temo só terem agravado o cenário negativo.
E não o faço por serem apenas negativos (e gordos) mas porque não vejo como se poderá inverter esta situação por algumas razões simples:

a) Não tendo o clube grande património para alienar (e realizar liquidez) – facto que faz parte da história deste clube que nunca foi muito “rico” neste ponto – restar-nos-iam proveitos realizados com a venda – em Dezembro ou final da época - do nosso principal activo: o plantel sénior de futebol profissional.
E aqui mais pessimista tenho de ficar pois não vejo, com todo o respeito pelos profissionais em causa, nenhum “negócio da china” que possa render valores “simpáticos” para as finanças do clube (ainda para mais na situação em que estas estão). Vejo, segundo o relatório apresentado, um plantel de 36 atletas (teríamos de retirar da lista o Pavel mas creio que, entretanto, outros faltarão) – mas não encontro nenhuma(s) verdadeira(s) jóia(s) da coroa em termos de possível negócio.
Posso e espero, sinceramente estar enganado.

b) Temos a publicidade e é notório o esforço desta direcção em angariar clientes, logo, verbas por esta via.
Mas acreditem que, com excepção feita à receita provinda da Televisão ( e esta é só “visível” com o clube na 1º liga), os valores da venda da restante publicidade que o clube tem em carteira, é diminuta em relação ao que seria ideal (ou até justo, se pensarmos que é o clube mais representativo da região, senão da zona centro no geral).
A confirmar-se a questão levantada pelo Eng. Mano Nunes – se teria esta direcção já recebido os 1.500.000 euros relativos aos direitos de transmissão na totalidade, à cabeça e não em tranches mensais, como era feito no passado – então mais assustado fico.

Volto a perguntar-me onde se poderão então gerar receitas para equilibrar as contas.

c) Receitas com bilheteira? A assistência aos nossos jogos é proporcionalmente equiparável à assistência às AG’s do nosso clube, excepção feita para os jogos grandes e, mesmo estes, não são de casa cheia. Logo, os valores, no seu global e média, também não deverão encher o olho.

d) Receitas Extraordinárias? Quais? Oxalá…

Aguardo o futuro com algumas reservas – legítimas - mas esperando sinceramente que esta direcção saiba levar o barco a bom porto e que no final, no balanço da sua passagem pelo clube (seja de 1 mandato ou mais, não é isso que está em questão na minha reflexão) este tenha um saldo pelo menos equiparável ao que a anterior direcção deixou, que me permite dormir de consciência tranquila, porque tal como disse o Dr. Caetano Alves, todos temos modos diferentes de actuar, e por tal, sujeitos a criticas e interpretações distintas, mas o que nos move é a vontade de fazer o melhor pelo Beira-Mar. E essa foi sempre a nossa convicção enquanto direcção.

Que ganhe o Beira-Mar, e que os nossos Avisos À Navegação (da Rua do Vento) contribuam para que o barco chegue, de facto, a bom porto!!!

Saudações Beiramarenses,

André Apolinário

10.30.2006

Avisos à Navegação #13 - "Gerir com os pés"


A "pedido de muitas familias", o DR. João de Sousa finalmente publica um artigo seu, desta vez, analisando a apresentação de contas que vai ser hoje levada a AG.
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Durante meses fui um espectador atento da vida do Sport Clube Beira Mar, regozijando-me com as vitórias e entristecendo-me com as derrotas, e tendo sempre presente que os órgãos sociais eleitos para gerir o clube o foram pela vontade democraticamente expressa pela maioria dos sócios votantes, que lhes concederam um mandato para gerir a instituição com ponderação, rigor e bom senso.

Este entendimento levou-me a suspender a publicação de alguns desabafos neste blog, não descurando contudo um acompanhamento cuidado da gestão desenvolvida na componente económico-financeira nos últimos meses.

Como ponto prévio à análise acho fundamental relembrar os sócios, e existem muitos – esquecidos e/ou mal agradecidos, do trabalho excepcional desenvolvido pelas anteriores Direcções no período que decorreu entre 1995 e 2005, na gestão do Sport Clube Beira Mar. Relembro que tendo-se inicialmente evitado a bancarrota, se equilibrou posteriormente o clube em termos financeiros, tendo-se mesmo nas últimas seis épocas apresentado resultados positivos que somados totalizaram os 1.252.768,92 €.

Mas nem só os resultados positivos foram importantes, outros dados recolhidos no relatório de 2004/2005 evidenciam uma gestão criteriosa, equilibrada e consequente, elogiada por todos e pouco habitual no panorama nacional:

a) O Passivo atingia os 2.931.020,19 €, sendo 38% a médio e longo prazo (pagamento a mais de um ano);
b) O Activo atingia os 1.916.478,55 €, sendo 77% de dívidas de terceiros de curto prazo e de disponibilidades;
c) O endividamento à Banca cifrava-se somente em 472.000 €;
d) Os Capitais Próprios, que em 1999 eram de 1.787.009,60 € negativos, na época de 2004/2005 cifravam-se em 1.014.541,64 € negativos.

Passado um ano, e visando estabelecer um paralelo comparativo, analisei o Relatório e Contas do exercício de 2005/2006 e deparei-me com um documento claro e bem elaborado, onde se evidenciam os resultados de uma péssima gestão económico-financeira, que não desportiva.

Contudo ambas as coisas não se podem dissociar, e esse foi o principal erro protagonizado pela Direcção do Beira Mar. Não adequar os custos aos proveitos expectáveis, evidencia um comportamento de rico com rendimentos de pobre, em que o endividamento é a solução mais fácil. O Estado Português fez o mesmo durante anos, e agora sofrem-se os efeitos do tratamento.

Sem dúvida esta é a principal razão para o descalabro verificado. Podem invocar que tal facto resultou da descida da equipa profissional de futebol à Liga de Honra, mas relembro que na época de 1999/2000 o Beira Mar também desceu, e nessa época o lucro do exercício foi de 73.559,06 €.

Continuando a análise do Relatório de 2005/2006, entre a informação disponibilizada sintetiza-se a que reputamos de fundamental:

a) A apresentação de um prejuízo de 2.002.154,65 €, que deveria ser de 2.168.983,65 €, se utilizados os mesmos critérios de 2004/2005, conforme Parecer do Revisor Oficial de Contas;
b) O Activo atingia os 2.023.178,36 €, sendo 67 % de dívidas de terceiros de curto prazo e de disponibilidades, sendo estas inferiores aos valores verificados em 2004/2005;
e) O Passivo atingia os 5.039.140,00 €, sendo 23% a médio e longo prazo (pagamento a mais de um ano). Note-se que na época de 2004/2005 o Passivo era de 2.931.020,19 €, tendo este crescido de um ano para o outro em 72 %;
f) Os Capitais Próprios passaram a ser em 2005/2006 de 3.016.696,29 € negativos;
c) Os custos do exercício foram de 4.617.542,06 €, não adequadamente compensados pelos proveitos que atingiram somente os 2.623.007,37 €.

Face aos dados apresentados questiona-se como foi possível cumprir com os compromissos assumidos no decorrer da época. A resposta é perfeitamente perceptível no Balanço em 30 de Junho de 2006. O crescimento dos empréstimos contraídos junto de instituições financeiras, e registados como obrigações a pagar a menos de um ano, obviamente em nome do Beira Mar, mas caucionados, presumo, com avais pessoais dos Directores, atingem os 2.102.385,26 €. Igualmente os empréstimos de terceiros, penso de Directores, têm o valor de 667.495,55 €. Somados estes valores, eles atingem os 2.769.880,81 €, que somados aos restantes valores do Passivo, contribuem para o citado crescimento num ano de 72 %, e o consequente descalabro total na gestão financeira.

Durante anos, e enquanto o Eng.º Mano Nunes foi Presidente, o Sport Clube Beira Mar foi gerido com parcimónia, rigor e objectividade. Sabia-se o que se queria e conciliava-se a vertente desportiva com a económico-financeira. Neste ano, estragou-se todo o trabalho desenvolvido em dez anos, e hipotecou-se o clube a troco de uma miragem – a subida a todo o custo à Liga Bwin.

Diz o povo e com razão, que quem não tem competência não se estabelece. Assim, e como quem está a gerir são homens conhecidos por terem elevada liquidez, assumam as suas responsabilidades e não hipotequem o futuro do clube. Não pensem em lançar mão da constituição de uma SAD como medicamento para sanear financeiramente a instituição, pois os sócios não vão deixar.

Assim o espero!
João Sousa

Amizade

Um dos atletas do Sporting C. P. que tem uma ligação especial ao S.C.BeiraMar é o Marco Caneira.
O Caneira está ligado ao feito mais importante do S.C.BeiraMar: a conquista da Taça de Portugal.

O Marco Caneira sabe reconhecer também o quanto foi importante para ele a conquista deste titulo embora impedido de jogar a final.

Quero aqui manifestar o agradecimento pelo reconhecimento e carinho revelado por este atleta ao nosso clube e que ficou devidamente simbolizado neste jogo: ofereceu-me a camisola.

A Roque

PROTAGONISTAS

O jogo entre o S C BeiraMar e o Sporting C. P. foi fantástico.

Foi um dos jogos mais espectaculares que eu tive oportunidade de assistir.
Parabéns.

A moldura humana foi excelente, o publico também, as claques idem, muitos vip´s e até alguns viip´s, mas foram os jogadores das duas equipas os verdadeiros PROTAGONISTAS.

A. Roque