11.01.2006

Sobre a Assembleia Geral de ontem....











Há sensivelmente um ano atrás, escrevia um artigo sobre a última AG do nosso clube, convocada para tratar, nessa altura, da discussão e aprovação das contas de 2004/2005.
Ficou, então, a promessa de convocar uma outra AG para breve para tratar de “outros assuntos” como era vontade de alguns sócios, uma vez que a referida AG tinha apenas aquele ponto único na ordem de trabalhos.

Volvidos quase 11 meses, nova AG, novamente para discussão e aprovação de contas, desta feita de 2005-2006.

Pouco mais de 3 dezenas de sócios assistiram a este acto (se não contarmos com os elementos da Direcção), o que vem sendo, infelizmente, uma prática desta colectividade que merecia bem mais apoio dos seus associados. Mas, terça-feira “europeia”, futebol na TV, “lar-doce-lar”, véspera de feriado, “o estádio é longe”, enfim, um sem número de razões para não ir, para quem não se interessa pela vida de clube, em actos onde poderia ter “palavra” e prefere abdicar desta ou antes criticar em surdina na bancada ou café…

Mérito - e o meu louvor - para os que foram (e costumam ir) e viram uma Assembleia Geral bem conduzida, sem grandes taquicardias.
Excepção feita, na minha opinião, a uma escusada questão – e pior ainda, o comentário posterior – do Sr. José Cachide, e de um desabafo do Sr. Artur Filipe, presidente do Clube, em tom de reacção a um conjunto de questões e/ou afirmações do Eng. Mano Nunes, sobre as contas e a gestão da actual direcção. Talvez a forma como este último confrontou a actual direcção com alguns dados – costuma estar bem informado, diga-se – esteja na origem dessas reacções, mas até então, não se tinha “personalizado” a sessão.
Bom, conhecendo uns e outros, e os seus modos de reagir (confesso que o Sr. Cachide não conheço tão bem, mas merece toda a minha consideração) sei que todos o fazem para bem do Beira-Mar, na sua defesa e interesse.
Já estive “lá dentro”, enquanto vice-presidente da anterior direcção, e pelo que lá passamos, tenho e terei sempre total respeito por quem sacrifique a sua vida pessoal e profissional em prol deste Clube, sempre e quando seja verdadeiramente nesse sentido. Mais quando se envolva pessoalmente, a nível financeiro, avalizando créditos em benefício do Clube. Todos deveriam ter essa experiência para assim poderem avaliar o difícil que é estar numa direcção, mas também, estar de fora, receoso do futuro do clube, porque como o Dr. Caetano Alves disse, nesta AG, cada direcção toma as decisões que bem entender, e temos de as respeitar, concordemos ou não com elas. Assim seja e só espero que o Beira-Mar saia vencedor no meio das dúvidas que nos assolam a todos, certamente.

Mas o direito de ter receio, de ter dúvidas, também é legitimo e não posso deixar de apresentar as minhas, neste espaço de discussão – aliás, foi criado para este efeito– na qualidade de sócio activo e, espero, sem ser mal interpretado por ter sido já … parte de uma direcção anterior.

Assim, tenho que manifestar que me assustam os valores negativos apresentados, até porque neste relatório (como é lógico) não vinham os resultados dos meses entre um época desportiva e outra, nem dos primeiros meses desta época 2006/2007, que temo só terem agravado o cenário negativo.
E não o faço por serem apenas negativos (e gordos) mas porque não vejo como se poderá inverter esta situação por algumas razões simples:

a) Não tendo o clube grande património para alienar (e realizar liquidez) – facto que faz parte da história deste clube que nunca foi muito “rico” neste ponto – restar-nos-iam proveitos realizados com a venda – em Dezembro ou final da época - do nosso principal activo: o plantel sénior de futebol profissional.
E aqui mais pessimista tenho de ficar pois não vejo, com todo o respeito pelos profissionais em causa, nenhum “negócio da china” que possa render valores “simpáticos” para as finanças do clube (ainda para mais na situação em que estas estão). Vejo, segundo o relatório apresentado, um plantel de 36 atletas (teríamos de retirar da lista o Pavel mas creio que, entretanto, outros faltarão) – mas não encontro nenhuma(s) verdadeira(s) jóia(s) da coroa em termos de possível negócio.
Posso e espero, sinceramente estar enganado.

b) Temos a publicidade e é notório o esforço desta direcção em angariar clientes, logo, verbas por esta via.
Mas acreditem que, com excepção feita à receita provinda da Televisão ( e esta é só “visível” com o clube na 1º liga), os valores da venda da restante publicidade que o clube tem em carteira, é diminuta em relação ao que seria ideal (ou até justo, se pensarmos que é o clube mais representativo da região, senão da zona centro no geral).
A confirmar-se a questão levantada pelo Eng. Mano Nunes – se teria esta direcção já recebido os 1.500.000 euros relativos aos direitos de transmissão na totalidade, à cabeça e não em tranches mensais, como era feito no passado – então mais assustado fico.

Volto a perguntar-me onde se poderão então gerar receitas para equilibrar as contas.

c) Receitas com bilheteira? A assistência aos nossos jogos é proporcionalmente equiparável à assistência às AG’s do nosso clube, excepção feita para os jogos grandes e, mesmo estes, não são de casa cheia. Logo, os valores, no seu global e média, também não deverão encher o olho.

d) Receitas Extraordinárias? Quais? Oxalá…

Aguardo o futuro com algumas reservas – legítimas - mas esperando sinceramente que esta direcção saiba levar o barco a bom porto e que no final, no balanço da sua passagem pelo clube (seja de 1 mandato ou mais, não é isso que está em questão na minha reflexão) este tenha um saldo pelo menos equiparável ao que a anterior direcção deixou, que me permite dormir de consciência tranquila, porque tal como disse o Dr. Caetano Alves, todos temos modos diferentes de actuar, e por tal, sujeitos a criticas e interpretações distintas, mas o que nos move é a vontade de fazer o melhor pelo Beira-Mar. E essa foi sempre a nossa convicção enquanto direcção.

Que ganhe o Beira-Mar, e que os nossos Avisos À Navegação (da Rua do Vento) contribuam para que o barco chegue, de facto, a bom porto!!!

Saudações Beiramarenses,

André Apolinário

8 comentários:

Anónimo disse...

Espero que a AG seja mesmo marcada e que não passe apenas de uma promessa (como a anterior).
Bom artigo.

HG

Anónimo disse...

Foi muito feio o que vocês, tu e Roque fizeram ao Eng.Mano Nunes, que falta de soliriedade e companheirismo, eu senti-me enjoado e abstive-me na votação.
São dois tipos que só andam bem com o poder e agora vens para aqui dar uma no cravo e outra na ferradura.
Sabes bem que já levantaram o dinheiro da televisão.
Estou enjoado.

Nuno Q. Martins disse...

Eu não gosto de me meter em conversas que não são as minhas, nem, muito menos, vir em "defesa" de quem não precisa.

O Eng. Mano Nunes, de quem sou muito amigo e por quem nutro uma grande simpatia e admiração, votou de acordo com a sua consciência. Está no seu direito e o tempo se encarregará de lhe vir ou não a dar razão. Na minha opinião, julgo que o voto contra não se justificava (já expliquei os meus motivos no post e nos comentários do Bancada Norte), no entanto, compreendo a decisão do Eng. Mano Nunes que declarou publicamente não concordar com os métodos de gestão da actual direcção.

É tão legítima a posição do Eng. Mano Nunes como a posição do Eng. Alberto Roque ou do Arq. André Apolinário e isso não deve merecer "enjoos", antes, respeito. É uma prova que são pessoas independentes que pensam por si e não andam "alinhadas" num movimento de "oposição" como o Sr. Artur Filipe uma vez me sugeriu. Já na altura, pelo conhecimento e amizade que as pessoas me merecem, disse-lhe que não acreditava nisso. Se dúvidas tivesse, elas teriam sido dissipadas completamente nesta Assembleia.

Ainda bem que a democracia funciona e as pessoas têm direito e não têm medo de dar a cara pelas suas ideias, por aquilo em que acreditam, estejam certas ou erradas.

Quem tem dificuldade em conviver com isso, deve revêr a sua forma de estar na vida e no associativismo, bem como, os valores que sustentam as suas amizades.

Saudações Auri-Negras!

Anónimo disse...

O resultado negativo do periodo em analise é de tal forma elevado que não é recuperavel nas duas proximas épocas.
Fernado

APA disse...

Caro anónimo: para lhe poder responder terá de ser mais claro sobre essa "falta de companheirismo". A que se refere? A ter votado a favor?? Poderei explicar.
"...só andam bem com o poder..." é uma expressão que não me toca minimamente porque quem bem me conhece sabe que não gosto de palanques, que não procuro protagonismo e qeu gosto de cumprir as funções que me são atribuidas de forma discreta e dedicada. essa não me atinge, mas gostava de perceber melhor a sua primeira crítica.

E absteve-se mesmo assumindo essa intenção de voto, ou nem levantou o braço?? É que votos contra, só vi dois, e sei de quem. E, já agora diga-me, o que ganhou com essa abstenção?? Para que serve, afinal, a abstenção?

"Cravo na ferradura" se for sinónimo de ser franco e não pretender gerar polémica pela polémica, aceito.

Sobre o seu enjoo, talvez se prenda por estar abafado no anonimato. É lá consigo...há remédios para isso!

Saudações,
André Apolinário

Anónimo disse...

Sinceramente o comentário do anónimo não me parece vindo de alguma pessoa que se tenha abstido, mas sim de alguem do «outro lado» para tentar destabilizar

APA disse...

Para que não restem duvidas, tive de refazer uma das frases da minha reacção ao post do Sr. Anónimo, porque poderia ter outra interpretação que não aquela que eu pretendia. Por esse motivo aparece fora da ordem cronológica.
Erro assumido, erro corrigido!
Continuo, entretanto, à espera de uma explicação mais concreta desse Sr. Anónimo sobre aquilo de que me acusa – “(…)falta de solidariedade e companheirismo(…)!!
Saudações,

André Apolinário

Anónimo disse...

Dr João de Sousa não foi à Assembleis porquê? Ele lá sabe
Costa