12.06.2005
Opiniões ao sabor do Vento #1 - "O estádio da nossa Satisfação" de Joaquim Oliveira
O Rua do Vento abre este novo espaço dedicado aos textos de opinião que nos são remetidos pelos nossos visitantes que após reflectida leitura merecem publicação neste espaço. Cabe-nos a todos respeitar a opinião expressa e comentar ora concordando, ora apresentando diferentes pontos de vista - com educação, obviamente.
É para isto que existimos.
Hoje publicamos um texto enviado pelo amigo Joaquim Oliveira, texto que foi publicado no DA e que entendeu - assim como nós - que poderia despertar interesse neste nosso espaço virtual.
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"Faziam-se ainda sentir os ecos apoteóticos da participação da Cidade no indescritível EURO 2004, já, um tanto quanto de forma tímida, se faziam ouvir os detractores do Estádio Municipal de Aveiro, disseminando viroses, espalhando a maledicência, produzindo conceitos de prioridades descontextualizados e fazendo comparações redutoras, nas quais, muito frequentemente, aparece um hipotético hospital, como protagonista.
O nosso Estádio participou naquele acontecimento. Foi um dos seus grandes cenários. Teve aquele encanto de exaltação social que todos, com saborosa saudade, recordamos. Produziu uma exuberante manifestação de cidadania. Fez-nos bem à alma. Exortou o nosso bairrismo, a nossa Portugalidade. Era uma exaltação constante, substantivada pela presença da nossa bandeira, exposta em quase todas as varandas, janelas, telhados e até nos automóveis.
Os Aveirenses fizeram uma grande festa. Participaram na alegria. Foram anfitriões de milhares e milhares de visitantes, de nacionalidades várias que, com desenvoltura e competência receberam, sublimando o orgulho pela cidade onde vivem.
Quem não se lembra do mar cor de laranja que constituíram os adeptos da Holanda que nos deixaram uma imagem de cativante educação, atitude cívica exemplar e envolvente simpatia?
Quem não se lembra dos Letões, e dos Checos que em Aveiro, jogaram em casa, porque aqui realizaram dois jogos?
Produziram belíssimos espectáculos de futebol, sustentados por uma organização irrepreensível, superiormente elogiada, composta por jovens aveirenses.
O executivo presidido pelo Dr. Alberto Souto, ouvida a Assembleia Municipal, como não podia deixar de ser, soube atempadamente, interpretar os desejos da população e satisfazer uma imposição da sociedade civil que, através da opinião pública, foi produzindo os sinais políticos claros de que a construção do Estádio era um desejo universal e que a nossa cidade não podia alhear-se deste acontecimento histórico.
O Estádio está para ficar. Aguarda, sem perder a jovialidade que lhe empresta a cor, com sobranceria e desafio, que o desenvolvimento o acompanhe.
Aguarda ainda com sábia e imponente expectativa que o futebol, em definitivo, se adapte às crescentes pressões da economia, racionalizando-se.
É a guarda avançada. É o padrão fundador de uma nova cidade, que ali se desenvolverá, sem espartilhos de índole urbanística, com grandes potencialidades ambientais e com amplas possibilidades para o exercício da arquitectura, grande ferramenta de valorização da urbe e grandiosa arma de projecção cultural.
Claro que, os Aveirenses têm uma grande responsabilidade:
foram parceiros na decisão da sua construção. Cumpre-lhes o ónus da sua valorização, da sua utilização e fundamentalmente, cumpre-lhes o dever ético de o defender, porque assim, realçam a terra onde vivem e que lhes reclama o cumprimento deste elementar dever de cidadania.
A acusação insistente de que o executivo do Dr. Alberto Souto, privilegiou a cidade e com a construção do estádio definhou as freguesias, imobilizando o seu desenvolvimento, nomeadamente as mais periféricas, é grosseira, porque todas, entre outras realizações, foram contempladas com aquela obra invisível, nada ostentatória e com pouca performance eleitoral que é o saneamento básico, e na sua maioria, dotadas de equipamento institucional de relevo.
A cidade é de todos. A cidade pertence e é usufruída pelos Aveirenses sem distinção de local de morada. De Nariz à Vera Cruz.
Grande parte das freguesias constituem, digamos assim, a segunda circular urbana. As suas populações activas, diariamente, com ímpeto e avidez, demandam todos os locais da cidade, na satisfação das sua obrigações profissionais e na usufruição e participação das inúmeras iniciativas lúdicas e culturais.
Aqueles que, com doentia perseverança lá vão esgravatando os esfarrapados argumentos, baseados naquele particularidade, frequente no ser humano, que é mais fácil dizer mal de que bem, têm sempre como refúgio, o imobilismo e um canto qualquer num labirinto penumbroso onde se escondem, temendo o desafio da modernidade no qual temos o dever de participar, cumprindo o desígnio de aperfeiçoarmos a geração a que pertencemos, para que uma dia, tenhamos uma humanidade perfeita.
Joaquim Oliveira
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