10.28.2005
"E o vento convida... Jorge Maia Valente
Para a primeira crónica de autor convidado, temos o prazer de publicar este texto do Jorge Maia, jornalista, ex-director de comunicação do Sport Clube Beira-Mar. Um texto muito interessante a provar que quem sabe....sabe!
O futebol mudou
O futebol mudou. Antes havia onze jogadores para preencherem os espaços do campo a defender, preencherem os espaços do campo a atacar. Tinha espaço vazio para jogar com e sem bola. Agora não. Tem espaços ocupados para jogar com bola. Correm os jogadores. A bola não. Anda feliz da vida, a roteiro. Tem diagonais, bloqueios, rupturas. Duas linhas. Nove metros. Diz-se que vai ter uma rede a meio para intensificar o futebol directo.
O futebol mudou. Antes tinha Artur Agostinho na telefonia. Agora tem um gostinho a cerveja e tremoços no sofá. A dois euros. Quatrocentos paus, o preço do «olha a superior para a bola».
O futebol mudou. Antes havia guarda-redes que eram guarda-redes porque sabiam defender para lá dos postes. Agora há guarda-redes postergénicos. Tinha Torres, Coluna, Eusébio, Pavão. Agora tem craques todos os dias. Tinha Violinos. Agora tem tambores. O Joselito a cantar nas bancadas do «Violas». Agora tem o emplastro preocupado em dizer quem é o pai dele.
O futebol mudou. Antigamente havia o Rappan, o Rinnus, o Bearzot, o Goethals. Agora há o José Mourinho, o José Vitor Pontes, o José Couceiro, o José Gomes, o José Carlos Carvalhal. Há, também, o José Paulo Sérgio, há três meses atrás, o José Luís Castro. E outros Luíses. Um é Lobo.
O futebol mudou. Antigamente não tinha campo pequeno, excepção feita na tourada. Agora, além do campo pequeno tem campo grande, onde se assistem a grandes touradas, as linhas de passe, o aprofundado sistema que permite transições defesa-ataque altamente defensivas mas particularmente ofensivas, a polivalência do defesa ofensivo e as características do pé esquerdo diametralmente oposto à mão direita do médio defensivo que calça 42.
O futebol mudou. José Maria Pedroto devia estar cá agora para saber como é que se treina e como é que é um treinador a sério. Como ensinou mal o Quinito, o Ribeiro, o Pedro e o Oliveira. E para saber como o futebol de ataque leva gente aos estádios. E como os lençóis brancos são bonitos.
Porque, que um treinador é despedido quando perde, ou um árbitro continua a apitar quando erra, já isso ele sabia.
Jorge Maia
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5 comentários:
"beiramarenses": diz-nos lá o teu nome verdadeiro rapaz.
Abraço,
André Apolinário
Parabens.
Fazes falta ao mundo desportivo.
João Luis
Gostei do texto e sinceramente gostei de privar algumas vezes em que estive contigo aquando o meu estagio no Beira-Mar.
abraço Pedro Sousa
Caros "Ventosos":
Gostava de saber, se possivel, quando será feita a apresentação de contas relativamente ao exercicio da época 2004/2005. E sendo da responsabilidade da Direcção, gostava ainda de saber se será "apresentado" pela antiga direcção ou pela actual direcção.
Não sei se me estou a questionar no local exacto, peço desculpas se não o estou a fazer devidamente.
Um abraço e continuação de bom trabalho de "fiscalização".
O Beira-Mar é dos sócios! SAD nunca!!!
Nostálgico e belo. Texto com muito siginificado para quem, como eu, aprendeu a ver futebol no velho peão do lado dos balneários, entre tremoços, pevides e um intenso cheiro a bálsamo. Ai que saudades desse meu/nosso Beira Mar !
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