1.23.2006

Ventos de S.Roque # 10 - FUTEBOL - Análise de "benchmarking"







A liga portuguesa de futebol profissional (LPFP), preocupada com o estado do futebol português, solicitou a uma empresa de auditoria, credenciada, um estudo para implementar medidas de forma a revitalizar este sector de actividade.

Esse estudo concluiu que, a solução seria diminuir drasticamente o número de clubes que disputam os campeonatos profissionais, ou seja, passarem de 18 para 12 clubes. A LPFP timidamente decidiu passar de 18 para 16.

Sendo o futebol o meu desporto de eleição decidi, estudar os modelos organizacionais na Europa e comecei por comparar indicadores das federações de países com ligas competitivas e que demonstram alguma sustentabilidade financeira.

Nesta análise procuro relacionar a população com o número de clubes de cada país.

As federações escolhidas foram: Espanha, França, Itália, Inglaterra e Holanda.

A Espanha tem 40,4 milhões de habitantes, 122 clubes nos campeonatos nacionais, incluindo ligas profissionais, ou seja, 330.000 habitantes/clube.

A França tem 60,8 milhões de habitantes, 260 clubes nos campeonatos nacionais, incluindo ligas profissionais, ou seja, 230.000 habitantes/clube.

A Inglaterra tem 60,6 milhões de habitantes, 136 clubes nos campeonatos nacionais, incluindo ligas profissionais, ou seja, 445.000 habitantes/clube.

A Itália tem 58,1 milhões de habitantes, 112 clubes nos campeonatos nacionais, incluindo ligas profissionais, ou seja, 515.000 habitantes/clube.

A Holanda tem 16,5 milhões de habitantes, 38 clubes nos campeonatos nacionais, incluindo ligas profissionais, ou seja, 430.000 habitantes/clube.

Portugal tem 10,5 milhões de habitantes, 218 clubes nos campeonatos nacionais, incluindo ligas profissionais, ou seja, 48.000 habitantes/clube.

Esta relação entre a população e o número de clubes, é um indicador claro que a reestruturação em curso no futebol português, não é a adequada. Reflecte bem o poder que actualmente as associações distritais têm no seio da FPF.

Qualquer campeonato competitivo tem entre 18 e 22 equipas. Em Portugal vamos passar de 18 para 16: menos jogos, logo, menos receita.

A solução não é de todo a que se está a implementar.
Advogo um modelo do tipo inglês: 1ªliga com 18 clubes, 2ªliga com 18, campeonato nacional da 1ª divisão com 18 clubes, 2ª divisão com 18 clubes e 3ª divisão com duas zonas: norte e sul com 36 clubes (18+18).
Isto totaliza 108 clubes e ficamos com um rácio interessante, 100.000 habitantes/clube, embora ainda muito inferior, quando comparamos com as federações mais competitivas da Europa.

Esta é, apenas uma das medidas, mas que considero fundamental para a sustentabilidade do futebol português: diminuição drástica do número total de clubes nos campeonatos nacionais.

Todos tinham a ganhar, excepção feita para o “sistema”.

A Roque

4 comentários:

Migas (miguel araújo) disse...

Pois é Eng. Roque.
Mas acho que a esta sua interessante análise, faltará uma não menos, ou até, mais importante: a análise financeira.
Não reduzindo o n.º de clubes nas ligas profissionais, quantos casos não teríamos mais como os do Setúbal, Ovarense, Estorial, Alverca, Felgueiras, ..., ..., ....?!
É que os dados de benchmarking, necessitam de uma suporte bem defeinido do ponto de vistas económico e, eventualemnte, social.
Cumprimentos

Anónimo disse...

Análise interessante a merecer reflexão. Mas já agora de que sistema é que fala? Explique-se melhor. Daquele que lançou o nosso Beira Beira para a 2ª, quando o Beira-Mar andava de braço dado com o Major. Afinal o Beira-Mar não andava assim tão protegido!...

PSousa disse...

Bem interessante sem duvida,mas ainda assim enquanto o poder estiver instituido, como está não resolveria muito, pois antes destas restruturações, era preciso outras ou mais importantes para que esta possa sobreviver, como 1º dar credibilidade ao nosso futebol, coisa que não tem,2ºdando a credibilidade trará espectadores,mas para isso será necessário rever os valores dos ingressos,3º criar gestores profissionais nos clubes para que tenham sustentabilidade financeira e orçamentos crediveis de acordo com realidade Portuguesa.
E então talvez essa possa ser uma das vias Eng.Roque.

Abraço

Anónimo disse...

Começo por agradecer aos meus amigos que tiveram a amabilidade de comentar. O Miguel releva a preocupação com o declínio de alguns clubes: parece-me não ser preocupante quando um cai, e se for por erros de gestão criando mesmo competitividade desleal provocando injustiça classificativa e consequentes problemas a terceiros, crescem outros que eventualmente tem potencial, por exemplo União de Santarém, Benfica Castelo Branco, Estrela de Portalegre etc. São necessárias é regras claras e de rápida execução. Agora para uma competição profissional o nº ideal são os 18 clubes, bastam as ferias no defeso (45 dias), porque á dois anos implementaram-se as férias do Natal e agora já se pondera nas férias do Carnaval e da Páscoa. Estes jogadores são profissionais, em Portugal um jogador raramente faz 30 jogos, em Inglaterra, Espanha etc. fazem 60: o dobro.
Quanto ao amigo ANONIMO: O que entendo é que todos os dirigentes têm é que defender esta indústria, se nos demos bem com determinadas pessoas foi porque entendíamos que pensavam da mesma forma. A competição e a sua sustentabilidade é tão mais forte quanto mais forte formos nós e os nossos adversários, no entanto, para alguns quanto mais fragilizarem por todos os meios os adversários melhor. Os resultados a curto prazo podem ser bons mas a médio e longo prazo são péssimos. Quanto ao "sistema", resulta da luta da quantidade de lugares das associações na FPF, daí que não querem perder equipas nos campeonatos nacionais: ajudam a subir árbitros e depois cobram a factura. Analise a que distritos pertencem os árbitros nacionais e conclua. Aveiro que é um distrito de referência nacional em muitas actividades, rara é a época que tem um árbitro no 1º escalão.
Quanto ao amigo da Bancada Directa: concordo com o rigor dos orçamentos a sua execução e consequente responsabilização. De resto com o modelo proposto acabava com o tédio e onerosa 2ªdivisão nacional e criava excelente competitividade regional (Distrito)
UM ABRAÇO
A Roque