7.26.2005

As Rajadas do Mano # 4 - Indústria do Futebol


Hoje o futebol é uma indústria que poderá ser florescente no nosso país a exemplo do que já se passa na Europa e no resto do mundo.

Para o constatar basta olhar superficialmente para o que se vai passando no mundo, para ver grandes empresários da alta finança a fazerem incursões, nesta industria, como por exemplo, a compra do Manchester Unit, pelo Americano, o Chelsea, pelo nosso conhecido Amabrovich , e os inúmeros de fundos de investimentos que estão a proliferar por todo o mundo.

No nosso futebol vai-se assistindo a este fenómeno, já com a criação de um fundo de investimento, que já tem parte dos direitos desportivos de alguns jogadores do F.C. Porto, Sporting e Boavista. A Banca lidera este fundo e ainda meia envergonhada vai entrando nesta indústria com “ pezinhos de lã “para na altura certa apostar definitivamente. Só ainda não o fez por falta de credibilidade.

O nosso futebol não é mais do que o retrato e essência da nossa sociedade, tenta-se ganhar a qualquer custo, gasta-se mais do que aquilo que se tem e o “ vale tudo “, é o “ pão-nosso de cada dia”. Falta mais gente honesta e com princípios, no dirigismo dos clubes, na arbitragem e em todos os órgãos de cúpula.

A corrupção existe e aonde não a há, pensa-se que por lá mora, porque a nebulosidade e a duvida continuam a pairar, pelo menos enquanto não forem varridos os “ dinossauros”, perniciosos do futebol. Nos clubes, nas associações, na federação, na liga e no sector da arbitragem, aqui muito mais complexo, porque o “ polvo “ criado neste sector atinge tudo e todos, não se sabendo aonde está a sua cabeça, nem sequer os principais tentáculos. Uma verdadeira família (ver o grau de parentesco de ex árbitros, observadores, dirigentes e actuais árbitros). Com isto não quero dizer que não haja gente limpa nos “dinossauros “ mas todos sabem que se eliminassem uma dezena deles, 80% do futebol ficaria mais limpo.

Perante este cenário e com a concorrência desleal que existe, castigando sempre os clubes cumpridores, com as suas obrigações fiscais e com os seus jogadores, os campeões serão sempre os mesmos, pela força do dinheiro e pelas influencias que têm na teia montada, os que por vários motivos estão condenados a lutar pela Europa ou por se manter na Super liga, vão sendo protegidos ou desamparados ao seu destino, conforme os apetites dos “ tubarões “ ou por compromissos pontuais que vão elaborando, sendo mais difícil aos cumpridores e independentes de atingir os seus objectivos desportivos. (ver jornada realizada a 18/04/2004 e a envolvência que teve no processo “ Apito Dourado, “ um jogo desta jornada, indiciou um arbitro e um dirigente em crime de corrupção). O jogo não era importante para o clube do dirigente, mas seria para terceiros.

Um clube como o Beira Mar só pode ter uma postura no futebol Português, que é de independência e com a espinha bem levantada, tentando ter uma palavra nos poderes decisórios, para combater por dentro o que atrás foi referido e para se fazer respeitar pelos “ donos do futebol “ e pelos seus correligionários, nunca por nunca se pode vergar a qualquer clube, mas vendo em todos sem excepção, uns parceiros de negócio com paridade total.

O nosso clube há dez anos e depois de uma aliança mal parida, desceu de divisão atolado em dívidas e na falência técnica, após dez anos, subiu e desceu de divisão duas vezes, e nos últimos seis anos deu sempre lucro, demonstrando-se que o futebol bem gerido, pode ser lucrativo e alcançar êxitos desportivos, pois neste período ganhamos uma Taça de Portugal e fomos à Europa. (A distracção provocou uma final entre dois clubes de dimensão menor e alguém, tinha que a ganhar… foi futebol!!!). Esta época descemos de divisão e eu assumi as responsabilidades, mas se analisarmos a actuação das arbitragens, recorrendo ás apreciações dos jornais desportivos, o Beira Mar, foi espoliado em mais de uma dezena de pontos. Erros voluntários ou involuntários, atiram-nos para a 2ª Liga.

Felizmente, o saldo positivo que os nossos dirigentes encontraram, ( + ou – 450 mil euros) entre dividas de terceiros e dividas a fornecedores, vai ajudar o esforço e dedicação que irão ter, para que o nosso clube volte à 1ª Liga, o que todos desejamos. Não vai ser fácil, mas todos a ajudar vamos conseguir e os sócios têm que acarinhar os dirigentes, treinadores e jogadores, para que o objectivo seja conseguido. (União e um forte apoio a todos, por amor ao nosso clube, pois o nosso lugar é lá e estou convicto que o dito “ sistema” vai estar cada vez mais esbatido e não nos vai impedir de festejarmos).

Depois de bem “ lavado “ o futebol não tenho duvidas que será uma indústria florescente, sendo indiferente o tipo de gestão que tiverem os clubes,( SAD, fundações ou regime geral), têm é que ser bem geridos, está provado não só pelo nosso caso, mas como muitos na Europa, que em regime geral são exemplos de gestão rigorosa e lucrativa e que por esta via se tornaram grandes portentos.

A fúria do lucro vai aparecer, mais facilmente em clubes viáveis, mas atrofiados financeiramente. Nestes vão surgir os “ salvadores da pátria “, encobertos num manto de samaritanos, para darem o golpe final e tornarem-se os donos de instituições com décadas, que são de todos aqueles que contribuíram para a sua existência, os seus fundadores, os seus ex dirigentes e os sócios falecidos, (que tentarão levantarem-se das tumbas mas de nada valerá) se não forem os sócios actuais, a não se deixarem cair no logro do êxito fácil e permitirem que sejam roubados os seus emblemas.

Quadros negros dirão uns, alucinações dirão outros, mas será a realidade. O canibalismo do capitalismo, não tem regras sentimentos ou ideais e muito menos amor por pessoas, quanto mais por instituições, que só com muito amor ainda persistem em viver.

Mano Nunes

1 comentário:

Anónimo disse...

Não ao futebol industria/moderno!

Viva os velhos tempos em que só o simbolo do clube fazia parte do equipamento.

NÃO À SAD!

Ultras Auri-Negros!