3.23.2006

Ventos de S.Roque # 11 - “PRÓS & CONTRAS”

A RTP1 dedicou esta semana, através do seu programa “Prós e Contras”, o debate ao tema da sustentabilidade do futebol.

Os convidados e fazedores de opinião foram novamente os mesmos, aliás, vão rodando por outros programas televisivos de desporto e comunicação social desportiva.

Os principais convidados representam os chamados três grandes, como é normal, neste país e em órgão de comunicação que se preze; os outros: mais um representante do Benfica, perdão da Liga, outro de um clube que desceu aos campeonatos nacionais e acabou por abandonar o futebol sénior e por último um jornalista agora muito solicitado com mestrado em táctica e doutoramento em gestão desportiva pelas universidades de e, respectivamente.

Concluíram que a primeira Liga, só seria sustentável se o campeonato se resumisse a oito equipas, sedeadas de preferência, no Porto e Lisboa.

Bem, considero que continuamos a avaliar mal o potencial do país. Não temos capacidade de liderança. Os média colam-se subservientes aos grandes. Os grandes continuam a ser os maiores beneficiados pelas empresas públicas, continuam a ter a fatia maior dos direitos televisivos (90%), ou seja, um proteccionismo digno do terceiro mundo. A arbitragem e justiça sempre ao lado dos mais poderosos. Será que vai haver coragem de despromover um desses clubes se se comprovar corrupção e indemnizar os prejudicados? Não acredito! Com este panorama, como é que se consegue ainda mais competitividade?

Este negócio requer rigor na gestão e credibilidade. Credibilidade foi, exactamente, aquilo que mais uma vez estes actores não introduziram no debate e consequentemente mais um contributo negativo para a imagem do futebol, que é um dos factores do negócio.

Isto interessa aos três grandes, eu não tenho dúvidas. Eles receiam a competitividade, quando para mim é também um dos principais factores de desenvolvimento desta actividade. Apenas um exemplo, nesse programa um dos convidados brincou ironicamente e de forma mal criada, com a complacência de todos os outros, com um dos principais patrocinadores da liga e consequentemente dos clubes, constituindo mais de 20% da receita para a maior parte dos clubes da segunda liga e é já o patrocinador de um dos maiores clubes europeus.

Questiona-se a fragilidade das receitas e são os próprios a denegrir a imagem dos patrocinadores? Isto é racional? Bem, sei que para este sr., ou melhor, para o orçamento do seu clube, pouco representa. É, exactamente, o contrário desta forma, o que se verifica na liga inglesa, na liga dos campeões, na NBA.
Temos falta de cultura desportiva, não dignificamos o desporto, queremos sempre a nossa equipa mais forte à custa da fragilidade dos adversários, quando deveria ser o contrário.

A. Roque